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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Terra Em Que Nasceste! (cronica)

Distante no tempo, revejo a minha professora, no meu segundo ano de escola, nos ensinando algo alem das primeiras letras e falando sobre coisas básicas da vida como, respeito, asseio e civismo, de maneira bem simples, mas que cinqüenta anos depois ecoa na minha memória tão forte como se fora ontem.
Era uma escola pequena, construída toda em madeira, perdida no meio de uma fazenda no interior do estado, longe de tudo.
Nessa pequena sala ela, a professora, controlava, ate hoje não descobri como, as três primeiras classes do primário, ao mesmo tempo e sem ajuda. Aquilo era simplesmente incrível.
Para que o que estava sendo ensinado não fosse esquecido, ela recitava alguns trechos de poesias de Olavo Bilac, Brant Horta, entre outros.
Aprendi um que dizia: Se perguntarem: Filho,
Onde e’ a terra do teu amor.
Cheio de orgulho responde:        
Sou Brasileiro, senhor!
...e declamei isso, decorado, com todo orgulho que permitia os meus sete anos de idade e nunca me esqueci destas palavras de Francisco Eugênio Brant Horta (1876 – 1959).
Lembro-me também de um soneto de Olavo Bilac, que algumas vezes declamei nas celebrações cívicas de escola, palavras que, eu, menino, tinha no coração e na mente quase como uma coisa “religiosa”, que diz:
Ama com fé  e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! Não verás nenhum país como este!
Olha que céu! Que mar! Que rios! Que floresta!
A Natureza, aqui perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que a vida há no chão! Vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! Jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha...
Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece.
Criança! Não verás nenhum país como este!
Imita na grandeza a terra em que nasceste!

E em me lembrando disso, vem a necessidade de meditar a respeito da minha tão curta historia e de como as coisas mudaram tanto em tão pouco tempo.
Ora, como bem escreveu Bilac, ter amor com fé é uma coisa natural para qualquer um dos bem nascidos brasileiros como eu, nos orgulharmos da nossa terra, também.
Não tenho duvida de que em lugar nenhum do mundo veremos um país como este, mesmo com um céu que em alguns lugares dificilmente a poluição deixa ver, um mar, já em alguns pontos contaminados, rios, alguns deles, totalmente destruídos pelo esgoto e pelo lixo químico industrial, florestas que na maioria dos nossos estados já não existem.
Mesmo assim a natureza insiste em celebrar a vida a cada primavera e sempre, como que não querendo se deixar vencer pela devastação imposta pela mão do homem, que mesmo fazendo tantos estragos ao longo dos séculos não conseguiu esconder de todo a vida que há no chão, no ar e no mar. Como um verdadeiro seio materno, que mesmo ferido, jorra vida e carinho em abundancia.
Luz, calor, multidão de insetos, matas, tudo onde antes imperava a eterna primavera, correndo o risco de estarem totalmente nas mãos de um império de exploradores estrangeiros que, a exemplo do passado, quando ainda éramos colônia, saqueiam nossas riquezas dia a dia com a conivência de nossos governantes.
“Boa terra!” Brada o poeta, “que nunca nega o pão”, e um teto a quem tem coragem de trabalhar, o que ele não sabia era que alguns anos mais tarde essa boa terra iria ser substituída por umas “bolsas-esmola” que tirariam a capacidade e a vontade de lutar pelo pão de cada dia.
O que dizer sobre “enriquecer e ser feliz com esforço e com a paga do seu suor...”, isso realmente, só poderia fazer parte de um verso poético, dadas as leis de Gerson e de Zeca Pagodinho perfeitamente adaptadas a todos os níveis da sociedade, sem falar no comportamento dos nossos lideres governamentais e religiosos, exceções raríssimas ‘a parte.
Continua o soneto dizendo “Criança, não veras país nenhum como este” e isso soa hoje como se fosse uma coisa profética, mostrando que nós que o conhecemos não o veríamos mais e que as crianças nascidas depois de nos, muito menos, tamanho foi e esta sendo o desfiguramento da nação brasileira.
Para terminar ele pede uma coisa praticamente impossível nos dias de hoje, e as palavras soam, quando lidas, quase sem sentido: “Imita na grandeza a terra em que nasceste”, certamente Bilac choraria profundamente ao ver que seu pedido ficou algo em vão, sem efeito, haja vista a descaracterização, o aviltamento, a vileza, o rebaixamento, a infâmia e indignidade a que expuseram essa grandeza.
Mas o poeta estava certo quando escrevia as palavras, principalmente quando se referia a “amar” a terra, porque, mesmo vilipendiada como tem sido, mesmo estando nela ou aqui distante, não e’ possível conter a emoção ao ouvir o Hino Nacional Brasileiro ou ver a Bandeira Brasileira tremulando entre outras em pavilhões pelo mundo afora. Nessa hora nos esquecemos de todo o mal que ainda impera, e cresce, por nossas plagas e deixamos correr as lagrimas demonstrando que há muito amor, por um gigante que não esta  acorrentado, amordaçado e que como diz o hino, continua “deitado em berço
esplêndido, mas que um dia desses... ah minha esperança... GRITA!
Se levantara’!

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